Pseudociência

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pseudociência

Há poucos dias vi na SIC uma reportagem, creio que no Jornal da Noite, sobre um rapaz Brasileiro que atraía objectos. Falava-se em magnetismo e claro, mandava-se para o ar a incapacidade da ciência explicar. Em vez disso devia ter-se falado em pré-adolescência e em falta de tomar banho.

Não houve qualquer preocupação da SIC em ouvir alguém que pudesse esclarecer o assunto, só a notícia para alimentar a propensão que já existe, a estas coisas milagrosas e misteriosas que, sendo raras, acontecem sempre por aqui e por ali.

O blog AstroPT.org editou uma revista sobre Pseudociência onde aborda muito exemplos e explica também como se deve proceder para inventar uma destas tretas.

http://astropt.org/blog/2011/07/20/pseudomagazine-edicao-especial/

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Manifesto

Neste blog partilharei a noção de deslumbramento que sinto pelo simples facto de sermos a única espécie, tanto quanto sabemos, capaz de vislumbrar explicações para esta imensidão de fenómenos que é a realidade. Se aprofundarmos um pouco o conhecimento que o Homem adquiriu, de forma objectiva e não dogmática, concluiremos que as explicações que se conhecem para a realidade são quase sempre muito mais interessantes e profundas, do que as mais elaboradas ideias baseadas em tradições, mitologias ou pseudo-conhecimento. Muitas destas ideias tiveram os seus dias como a melhor explicação da altura, mas não resistem hoje ao escrutínio das evidências. Apesar disso algumas persistem com intensidade no dia a dia e paradoxalmente são até perfilhadas por largas maiorias.

Nunca foi tão fácil aceder ao conhecimento mas ainda assim, talvez dê mais trabalho e talvez seja mais inquietante tentarmos compreender o que se passa à nossa volta da melhor maneira possível e à luz do conhecimento actual, do que aceitarmos simplesmente como facto, aquilo que nos aparece como explicação mais imediata, porque nos é mais conveniente, fácil, tranquilizador ou porque se alinha mais com as nossas convicções. A tradição define traços importantes da cultura, mas não é necessariamente a melhor forma de responder às questões, mesmo quando vem refinada por milénios de vistosos embrulhos filosóficos, teológicos ou metafísicos.

Como distinguir as melhores explicações para os factos, no meio de miríades de abordagens que pululam? Não é fácil a resposta, mas sem dúvida que a melhor invenção do ser humano para tentar minimizar confusões chama-se ciência e no que aqui escrever partirei do princípio que o método científico é a única forma de se adquirir conhecimento partilhável e objectivo. O resto, ou é opinião, ou é uma perspectiva metafórica da realidade fruto de uma preferência pessoal, ou é mal intencionado. Nada disto é de desvalorizar no impacto social que produz, mas não é conhecimento e não deve ser tratado como tal.

Defenderei ainda que se se adoptar com mais frequência uma atitude céptica e racional para aprofundar o conhecimento dos assuntos, a sociedade tende a melhorar. Além disso, esta disciplina de dúvida metódica é sempre a melhor forma de conhecermos a realidade e é nessa convicção que assumo que sabermos o mais possível sobre o que nos rodeia nos dá a oportunidade de assistirmos e participarmos no maior show que existe no Universo - um verdadeiro Show da Realidade.