Aproximo-me de casa, já noite feita. Não entro, fico cá fora. Está tudo muito sereno. Corre uma leve brisa, suficiente para fazer girar o aerogerador, mas sem força que leve as pás a fazerem-se ouvir. Na penumbra vislumbro vultos. Deixo adaptar a retina e já consigo perceber que são as ameixoeiras, as macieiras, um pouco mais despidas, e os sobreiros, bastante mais imponentes. Contorcem-se numa dança. Uma dança muito suave, pois a brisa não as deixa expressarem-se como estão habituadas. As árvores do Oeste estão habituadas a coreografias violentas, mas hoje não!
Uma miríade de sons modela uma paisagem sonora. Nesta orquestra telúrica, a coruja faz de barítono, os sapos – muitos sapos mesmo –, assumem uma preponderância de tenor. Vêm de várias direcções, como os grilos, que também não deixam distinguir de onde se manifestam. Cães, ouvem-se também vários e, apesar de mais longínquos, é fácil perceber as origens. Não há muitos sons femininos nesta construção sonora, mas ao longe, ainda consigo distinguir um meio-soprano. Parece-me uma cotovia. Enfim, não sei se é uma cotovia; não sei mesmo se sei como é o som da cotovia. Mas quando os meus filhos eram bebés cantava-lhes uma canção –“…ao luar, canta a cotovia…”.
Está um belo luar, logo é uma cotovia… Sim, está mesmo um belo luar! Não está céu limpo, as nuvens são até bem elaboradas, mas há muito céu livre, que deixa a descoberto uma estrondosa lua em quarto crescente. Esta, já a caminho da lua cheia, enche-se de brios e vai brilhando como se já lá tivesse chegado. Vaidosa, esta lua! Tão perto, que mesmo sem luz própria, se sobrepõe às fornalhas nucleares das estrelas e não lhes dá muitas oportunidades de se deixarem ver. Mas de vez em quando, as nuvens densas abafam-lhe o esplendor e aí, olhando para o lado oposto do horizonte, consigo ver muitas estrelas. Uns minutos a adaptar o olhar e já são muitas centenas. Talvez até Milhares. Apesar de tudo não é das noites melhores para se ver a Via Láctea em todo o seu esplendor, mas o que se vê já é deslumbrante.
Espiritualidade é isto! É esta a transcendência que o Cosmos nos oferece. É fácil pensarmos num criador! É difícil pensar que não houve criador! Mas… será mesmo?
irrealista
ResponderEliminarA new report in the Proceedings of
the National Academy of Sciences suggests
that the common value of >98%
similarity of DNA between chimp and
humans is incorrect.1 Roy Britten,
author of the study, puts the fi gure at
about 95% when insertions and deletions
are included. Importantly, there
is much more to these studies than
people realize.
The >98.5% similarity has been
misleading because it depends on what
is being compared.
até pode ter uns picos de economista
mas em biologia anda desfasado da realidade
mas foi um bom ponto jovem zurko
a nova deve ter base de dados de pesquisa
ResponderEliminardaquelas de 5 ou 10 mil euros de custo por ano em assinaturas logo se ainda tem acesso
Britten, R.J., Divergence between samples of
chimpanzee and human DNA sequences is 5%
counting indels, Proc. Nat. Acad. Sci. USA 99:
13633–13635, 2002.
Gagneux, P. and Varki, A., Genetic differences
between humans and great apes, Mol. Phylogenet.
Evol. 18:2–13, 2001.
Hattori,
M. and Sakaki, Y., Construction and analysis
of a Human-Chimpanzee Comparative Clone
Map, Science 295:131–134, 2002.
Marks, J., 98% alike? (What our similarity to
apes tells us about our understanding of genetics.),
e uns mais logo 98,5% ou 99% jámé...
gogol de kapote
ResponderEliminarÉ bom que se acertem as percentagens por uma questão de rigor mas não muda muito o ponto. Aguardarei por mais confirmações, dos pares do Roy Britten, para considerar verdadeiras as correcções.
o professor Sakaki calculou o erro associado à manipulação e sequenciação incorrecta em 4,1%
ResponderEliminarde qualquer modo a diferença nem que seja de uns milhares de bases pode fazer toda a diferença em termos de estruturas fisiologias e etc....